Atividades Realizadas 2024

Outras Economias #3: Círculo de leitura com Amadu Djaló


04 de outubro. Depois do lançamento do 3.º número da revista Outras Economias, dedicado ao tema Economia e (neo)colonialismo, e bebendo da experiência de animação do segundo número, propusemos a Amadu Djaló, doutorando em Estudos Africanos no ISCTE-IUL e autor do livro “Meditações e Aventuras do Homem de Urok”, a co-organização de dois círculos de leitura. O primeiro aconteceu no passado dia 4 de outubro, online, de modo a chegar a pessoas fora de Lisboa e fora de Portugal. Tendo como base o artigo Anti-colonialismo e “desenvolvimento, um grupo de cerca de dez pessoas discutiu a atualidade das teorias alternativas de desenvolvimento nascidas na década de 60-70 nos continentes africano e sul-americano. Exploraram-se diferentes visões de desenvolvimento, discutiram-se os entraves passados (coloniais) e atuais às trajetórias autónomas de “desenvolvimento” que cada país do sul global pretende empreender, entraves internos e externos. Como sair daí e construir outros futuros? A grande questão! Apostar na cooperação regional, na agricultura enquanto soberania alimentar, eleger lideranças mais visionárias, foram algumas das pistas sugeridas.

Quarto encontro "Sem Sombras": visita a experiências sócio-económicas - Serra da Estrela

9 a 11 de setembro. Antes do início do ano letivo, o grupo de jovens do projeto "Sem Sombras" voltou a encontrar-se na Golegã, mas desta vez para irmos em viagem à descoberta da Covilhã e da Serra de Estrela. A partir do que debatemos no último encontro, onde mergulhámos no comércio justo e em outras alternativas económicas, fomos ver o que acontece quando as alternativas são postas em prática. Com muita animação, vontade de conviver, de visitar e descobrir novos lugares, fomos acolhidas/os, no primeiro dia, pela CooLabora, uma cooperativa que trabalha nas áreas da igualdade, da violência de género, da inclusão social e que promove iniciativas de alternativas económicas e de bem-estar das comunidades. Faláram-nos, em particular, da feira de trocas Troca-a-Tod@s, uma feira com uma moeda social, o TEAR, que valoriza o convívio, as relações humanas entre as pessoas e o consumo sustentável, justo e de proximidade. Fomos muito bem recebidas/os, e as e os jovens participaram ainda num peddy-paper organizado por jovens da Covilhã que costumam participar nas atividades da CooLabora. Seguimos depois para a paz e beleza da Serra de Estrela, onde convivemos, jogámos e descansámos do longo dia. No dia a seguir, pensámos em conjunto que atividades entre pares os e as jovens gostariam de desenvolver nas suas escolas. As e os jovens do CooLaboratorio - um projeto da CooLabora que junta a participação juvenil nas comunidades com a defesa dos direitos humanos – dinamizaram uma atividade que possibilitou pensar criticamente a violência no namoro, as desigualdades entre homens e mulheres e as possíveis formas de criar laços saudáveis, fora das lógicas de opressão. No fim da tarde demos um passeio pela serra e mergulhámos em poças naturais existentes nas redondezas. No último dia, fomos a Manteigas visitar a Ecolã, uma empresa de produção familiar de lã e de burel, que segue a cadeia de produção desde a tosquia até ao produto final. Visitámos a fábrica, vimos de perto o funcionamento dos teares (os mais recentes ... remontam aos anos sessenta, numa lógica de conservação e manutenção das técnicas tradicionais) e visitámos a oficina de criação e costura. As e os jovens tiveram a oportunidade não apenas de contrapor a fast fashion com formas e tempos de produção da slow fashion, mas também de ver de perto uma produção que tem em conta o bem-estar da comunidade trabalhadora, do meio ambiente e da qualidade do produto, concebido e feito para durar e servir e não apenas para comprazer às modas rápidas. No regresso à Golegã, parámos numa bela praia fluvial para um último momento de convívio e contacto com a natureza. Foi um encontro cheio de novas vivências e conhecimentos, com novas perguntas, muito convívio e novas formas de mergulhar nos temas do projeto. Conhecer outras realidades que lutam pelos mesmos valores e poder tocar com a mão em alguns exemplos de alternativas, é algo do que muito precisamos para imaginar outros caminhos (já) possíveis!

#3 Outras Economias: (continuar a) falar sobre economia e (neo)colonialismo

24 de julho. Economia e (neo)colonialismo é o tema do terceiro número da revista digital Outras Economias. Marcando os 50 anos do CIDAC, uma organização radicada na luta anti-colonial e na justiça sócio-económica, procura-se explorar nesta edição a ligação entre colonialismo e capitalismo; propostas alternativas nascidas no período da independência dos países colonizados pela Europa; passando por situações coloniais ainda em disputa e por novas formas de dominação económica, que vemos como formas de neo-colonialismo. Estes dois últimos temas deram o mote para o lançamento deste número, com a presença de algumas das pessoas que contribuíram para ele e de uma plateia de cerca de 25 pessoas que contribuiu para animar o debate. Conscientes que muitos destes temas são complexos e controversos, assumimos que é de extrema importância dar-lhes visibilidade, discuti-los e, sobretudo, encontrar formas conjuntas de os contrapor e de construir respostas alternativas. Boas leituras!

CoESA - Formação de professores/as

9 a 12 de julho. O nosso trabalho com a Escola Secundária de Amora ao longo do ano letivo 2023-2024 culminou com a realização de uma formação de 13 professores e professoras de Cidadania e Desenvolvimento. Co-construída com a escola, esta formação focou-se na dificuldade sentida em dar corpo a dimensão “Desenvolvimento” da Cidadania e Desenvolvimento na prática educativa. Durante 3 dias e meio, refletimos criticamente e debatemos à volta desta temática, desde o modelo dominante a outras visões do mundo, transpusemos estas reflexões para a prática pedagógica, pensámos e experimentámos metodologias na perspetiva da coerência entre forma e conteúdo e debruçámo-nos sobre a problemática da avaliação.
Uma parte da formação decorreu nas Oficinas de Artes Manuel Cargaleiro, na Quinta da Fidalga no Seixal, outra na sede do CIDAC, em Lisboa, concluindo na Escola Secundária de Amora, num périplo reflexivo marcado pelo entusiasmo, a colaboração e o convívio entre educadores e educadoras à procura da construção de uma outra educação.

CIDAC: 50 anos de desassossego em liberdade!

26 de maio. O CIDAC nasceu num momento de viragem do obscurantismo e da repressão para horizontes promissores de mais justiça, viragem da qual celebramos, este ano, os 50 anos! Este percurso iniciado em maio 1974 e assente na solidariedade internacional cruzou-se com muitas pessoas, de muitas gerações, sócias, trabalhadoras, estagiárias ou voluntárias. Algumas ainda estão, outras ficaram muito tempo, algumas, só de passagem, mas todas enriqueceram a associação e todas levam em si um pouco do CIDAC e dos seus ideais de justiça. Muitas organizações amigas e pessoas cúmplices, em Portugal, na Europa, na Guiné-Bissau, Timor-Leste, Cabo-Verde… fizeram este caminho connosco, alargando sempre o campo dos possíveis! 50 anos de cooperação e de outras educações de trabalho com outros/as, 50 anos à procura de novos caminhos, novas ideias, estratégias, 50 anos a afirmar, a recusar e a duvidar… a tentar manter autonomia, independência, a ser uma outra voz. Muito há e haverá para comemorar, mas achámos que a melhor forma de dar o pontapé de saída para esta celebração era re-encontrarmo-nos, conversar, convivermos. Foi assim o almoço dos 50 anos do CIDAC, com cerca de 100 pessoas, de gerações e lugares diferentes. Com a música guineense de Mamadu Baio e com as palavras de pessoas próximas, entre elas, o representante em Portugal da Frente Polisário, atualizámos as lutas e as solidariedades. Venham mais 50!

Do Capitalismo Fóssil ao Movimento Global pela Justiça Climática: mais círculos de leitura!

15 e 29 de maio. Com a dinamização do Climáximo, voltámos aos círculos de leitura em torno da revista Outras Economias. Em dois momentos diferentes, o CIDAC acolheu quinze entre leitores e leitoras para discutir vários conteúdos da revista, priorizando a leitura em conjunto e a discussão entre pares. Num primeiro encontro, criaram-se pequenos grupos de discussão à volta da ligação entre capitalismo e combustíveis fosseis, com um momento final em plenário onde cada um/a partilhou as reflexões que surgiram no seu grupo e da sua experiência de leitura. A discussão foi animada e, com perspetivas diferentes. Conseguimos debater e analisar o atual sistema económico tentando perceber o que é que o capitalismo tem a ver com os combustíveis fósseis. Refletimos sobre algumas alternativas existentes, as comunidades de democracia energética e sobre uma utilização dos recursos energéticos mais justa e democrática. No segundo encontro, o foco foi nas formas de resistência dass populações e associações/ coletivos. Mostrámos o Mapa do Panorama do Movimento Global pela Justiça Climática, com alguns dos principais movimentos no mundo. A partir de lutas em Portugal, na Guiné-Bissau, na Tanzânia e na Uganda, cruzámos ideias e perspetivas sobre possíveis formas de resistir, em contextos políticos e culturais diferentes, sobre as múltiplas ferramentas de lutas e a importância da sua diversidade, as aparentes incoerências que algumas estratégias levantam e sobre como podemos envolver-nos coletivamente para construir resistência e alternativas. Nas conversas, tivemos sempre presente a ligação direta entre sistema económico e crise climática. Lutar por justiça climática passa necessariamente por lutar por um sistema económico mais justo e solidário: sem justiça económica não pode haver justiça climática, e vice-versa.

Rumo à Democracia Energética!

11 e 12 de maio. A poucos metros do CIDAC, no Liceu Camões, participámos com grande entusiasmo na primeira edição das Jornadas pela Democracia Energética. A questão da produção, distribuição e gestão da energia é um ponto crucial para o nosso presente e futuro, especialmente para responder às crises climática, social e ecológica. Foram dois dias de encontros, debates, conversas e oportunidades para construir e fortalecer redes entre pessoas, coletivos, associações, cooperativas, movimentos e lutas sociais e ambientais, ativamente empenhadas na construção de um futuro e de uma transição energética socialmente justa, pública e democrática. Pondo em causa o atual modelo energético centralizado, fóssil, neocolonial e capitalista, falou-se de como imaginar um novo modelo 100% renovável, baseado na ideia de energia como um bem comum e um direito universal. Entre as várias conversas que decorreram nestes dois dias, participámos em ricas e interessantes partilhas sobre a questão fundamental do decrescimento e da suficiência energética; debatemos ações para erradicar a pobreza energética e desenhar modelos de mobilidade democrática e partilhamos - visibilizando-as - as lutas contra os grandes projetos extrativistas, nomeadamente, no Alentejo. Foi um evento muito participado! E recebemos também alguns feedback sobre a revista "Outras Economias". Parabéns à organização das Jornadas, com a esperança de participar em edições futuras!

Celebrando a Liberdade e a Diversidade, 50 anos depois do 25 de abril

2 e 3 de maio. Liberdade – Libertações foi o lema da 5.ª Oficina da Interculturalidade da Escola Secundária de Amora, que marcou o final de um ano letivo dedicado à celebração dos 50 anos do 25 de abril. Foram dois dias de festa, com música, dança, poesia, desfile de trajes, gastronomia e bancas dedicadas aos países que foram colonizados por Portugal. Do Brasil a Timor-Leste, cada banca oferecia informações sobre a história política de cada país, antes e depois do 25 de abril. Parte da preparação e dos materiais expostos resultou de uma visita ao centro de documentação do CIDAC pelos grupos de alunos/as que prepararam o evento. Cada banca tinha também pratos apetitosos do país que representava!
Da parte do CIDAC, participámos com uma banca de comércio justo e com informações sobre a associação antes e depois do 25 de abril. E lançámos um convite ao coletivo Consciência Negra, para que dinamizasse uma oficina sobre a des/colonização. “O 25 de Abril nasceu em África" permitiu a um grupo de alunos/as explorar as lutas de libertação dos povos colonizados por Portugal e as continuidades históricas, que se traduzem no racismo estrutural no nosso país.

 O conhecimento constrói-se coletivamente!

19 de abril. Demos o pontapé de saída dos círculos de leitura à volta da revista Outras Economias. Com esta iniciativa pretendemos criar uma comunidade de leitores e leitoras que discutam os temas e as perspectivas abordadas na revista e as façam viver em debates e discussões, e que possam alimentar e fazer germinar práticas alternativas ao sistema económico hegemónico. Com uma abordagem horizontal, vamos construir conhecimento de forma partilhada. Esperamos também estimular e receber sugestões relativas aos formatos e aos conteúdos da revista, tendo em vista a sua melhoria contínua. Neste primeiro encontro, que contou com 10 participantes, lemos e debatemos o artigo A Terra levanta-se! Autonomia, campesinato e lutas climáticas, sobre a luta dos Les Soulevements de la Terre, na França. A discussão foi rica e animada, e recolhemos já algumas sugestões para futuros encontros. Agora é só esperar pelo próximo.

Uma tarde no Museu do Trabalho

9 de abril. O mundo do trabalho antes e depois do 25 de abril é a grande temática que temos explorado com uma das turmas da Escola Secundária de Amora e o seu professor de Cidadania e Desenvolvimento, neste ano letivo. Para poderem ter uma visão mais palpável de algumas profissões, dos modos de trabalho, mas também das lutas e reivindicações laborais, das condições de trabalho e formas de vida antes do 25 de abril, visitámos o Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal. A nossa simpática guia convidou alguns e algumas das alunas a experimentarem algumas profissões, desde o merceeiro à operária numa fábrica de conservas, nos vários cenários existentes no museu. Foi um momento inspirador para a atividade final que a turma irá dinamizar na sua escola já no dia 15: um debate sobre mulheres e imigração no mundo do trabalho, antes e pós 25 de abril.

Peddy-paper na Escola Básica e Secundária da Chamusca

27 de março. Após o primeiro encontro residencial realizado em 2023, os e as jovens participantes que estudam na Escola Básica e Secundária da Chamusca organizaram um peddy-paper para duas turmas da sua escola. O percurso consistiu em três etapas: uma, em que os e as participantes respondiam a um quiz com perguntas sobre divisão das tarefas e responsabilidades domésticas, entre mulheres e homens; outra, em que lhes propuseram que mimassem tarefas domésticas a que geralmente se atribui pouca importância (uma pessoa do grupo mimava, o resto do grupo tinha que adivinhar) e, uma terceira, em que os/as participantes tinham que distribuir cubos (caixas de papelão) correspondentes também a tarefas domésticas, em três linhas: a dos homens, a das mulheres e mista, no final, tinham que carregar as caixas nos braços por um percurso definido. Este conjunto de atividades permitiu a reflexão dos/das participantes sobre as desigualdades entre homens e mulheres. Pode ler aqui a notícia escrita pelos e pelas jovens dinamizadoras da iniciativa.

CoESA, Co-construindo cidadania global na escola

Março. Desde o início do ano letivo 2023-24, a equipa do CIDAC caminha em conjunto com a Escola Secundária de Amora, num percurso marcado pelas noções de cidadania e de desenvolvimento, e com os 50 anos do 25 de abril como pano de fundo. É o projeto CoESA, uma parceria entre a ESA e o CIDAC, cofinanciado pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua e que visa enraizar uma cultura de Educação para o Desenvolvimento nas práticas educativas da Escola, reforçando um modelo colaborativo entre Escola e ONGD.
4 professores/as aceitaram a proposta de trabalho do CIDAC e da equipa de coordenação da área curricular de Cidadania e Desenvolvimento para acompanharmos, juntos/as, as suas turmas no quadro desta área curricular, que se foca neste ano no antes e no depois do 25 de abril. Desde outubro, três membros do CIDAC deslocam-se quinzenalmente ao Seixal para trabalhar numa perspetiva crítica de ED, nos domínios tratados por cada uma das 4 turmas, o Trabalho, a Saúde, o Desenvolvimento Sustentável e os Direitos Humanos.
Além do trabalho em sala de aula, intervimos também no espaço não letivo. Nesta linha da intervenção, realizámos, com o apoio da professora bibliotecária, um ciclo temático sobre a censura durante o Estado Novo com a instalação da exposição “Silenciados”, resultante de uma colaboração com a Ephemera; a organização do colóquio “Censura e Liberdade de Expressão”, que contou com a participação do Adelino Gomes e da Luísa Teotónio Pereira (e um concerto da Banda da Escola convocando Zeca Afonso e Sérgio Godinho!); e a exposição de trabalhos de alunos e alunas À volta do tema “Expressa a tua liberdade de expressão!”. Até ao final do ano, iremos organizar mais um ciclo, desta feita sobre o colonialismo e as lutas pela independência, com oficinas, exposições e encontros com artistas.
De um ponto de vista mais simbólico, lançámos no início do ano a ideia de se realizar uma obra coletiva alusiva aos 50 anos do 25 de abril, com base num processo participativo que possa abranger o conjunto da comunidade escolar. Este processo permitiu ouvir as ideias de todas as turmas, de professores/as, de encarregados/as de educação e do pessoal não-docente, e de apurar um modelo em que cada turma e cada grupo irá realizar uma pintura no muro exterior da escola, que resultará num mural de cerca de 30 metros, oferecendo à comunidade envolvente um mosaico de visões e perceções do 25 de abril.
Este caminho, que começámos a trilhar há cerca de 7 anos com a Escola Secundária de Amora, prolongar-se-à pelo ano 2024-2025, ainda no quadro do projeto CoESA.

Colóquio sobre o legado cultural de Amílcar Cabral

27 de setembro. No quadro das celebrações do centenário de Amílcar Cabral, o CIDAC foi desafiado pela Casa da Cultura da Guiné-Bissau para co-organizar o Colóquio sobre o legado cultural de Amílcar Cabral, realizado na Torre do Tombo no dia 27 de setembro, poucos dias depois da data da independência da Guiné-Bissau. Para o efeito, a equipa do CIDAC mergulhou no arquivo da organização para exumar documentos históricos que focam a importância da cultura no pensamento cabralista, e a partir deles, construiu uma exposição que ficou patente ao longo do evento. O CIDAC responsabilizou-se também pela organização de um painel dedicado ao tema “Cabralismo e educação transformadora” através do qual tentamos estabelecer pontes entre o pensamento de Amílcar Cabral no domínio da educação, as práticas educativas freirianas e as educações transformadoras de maneira mais ampla.
E como a fórmula “a forma é também conteúdo” é para nós de uma grande importância, a pausa-café foi uma pausa-justa com café, chá e açúcar oriundos do Comércio Justo. O almoço preparado pela Casa da Cultura da Guiné Bissau foi uma homenagem à gastronomia guineense, com caldo de mancara e cafriela!

Pausa Justa: novos desafios, os mesmos princípios


4 a 6 de setembro. Uma pausa justa para 450 pessoas?! É possível? É uma loucura? Este foi o desafio lançado ao CIDAC, no início do ano, pela equipa do centro de investigação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. E não se tratava de uma, mas sim de duas ao longo dos três dias de duração do Congresso Internacional NEOBIOTA 2024.
Desafio aceite! Foram quase três meses de preparação e um período estivo fora do habitual, com muita azáfama. Calcular quantidades, encontrar soluções logísticas, contactar produtores/as em Portugal e nos circuitos de comércio justo internacional, pensar menus diversificados para cada pausa-café, tendo em conta a diversidade de dietas, elaborar textos informativos, em português e inglês ... foram inúmeras as tarefas para assegurar um serviço de qualidade, mantendo os princípios de justiça comercial, social e económica pelos quais nos pautamos. Com a ajuda de voluntários/as e de sócios/as, estes dias intensos foram muito gratificantes por cada “que bolachas maravilhosas, onde posso comprar?”, “estes figos são tão bons”, “muito obrigada pelo vosso trabalho” que recebemos. Missão (bem) cumprida e aberta a novos desafios!

Lançamento de livro no CIDAC


29 de junho. Tivemos o prazer de acolher o lançamento do livro “Meditações e Aventuras do Homem de Urok” do escritor Amadu Djaló, publicado pela Oficina da Escrita. Além do autor, participaram na apresentação da obra o escritor Amadu Dafé e a investigadora Ana Carvalho Larcher. Numa sala repleta, essa tarde de sábado foi ocasião para nos imergirmos em reflexões nascidas de uma experiência vivida no Arquipélago dos Bijagós, nas ilhas de Urok, na Guiné-Bissau. O autor está atualmente a finalizar um doutoramento em que questiona o modelo de desenvolvimento dominante e explora alternativas que nos são também caras, como o Decrescimento ou o Buen-vivir. Um bom conselho de leitura para o verão!

“A distância que separa uma pessoa do seu interior é de tal ordem gigantesca, que a viagem de uma vida inteira é, raramente, em tempo suficiente para percorrê-la.” Amadu Djaló

Terceiro encontro do Sem Sombras: se é injusto não pode ser normal!

 

26 - 28 de junho. A Golegã voltou a acolher-nos, no terceiro encontro residencial do projeto Sem Sombras, um percurso conjunto do CIDAC e Graal, com um belo grupo de jovens da Chamusca, Ponte de Sôr e alguns jovens de Lisboa que participaram excepcionalmente. Dedicámos este encontro ao aprofundamento dos conhecimentos sobre o sistema de produção dominante e de algumas alternativas económicas existentes. No primeiro dia, graças ao jogo da cadeia do café, experimentámos na pele as frustrações e as dificuldades materiais dos e das trabalhadoras envolvidas na cadeia de produção deste produto, um dos mais produzidos e consumidos no mundo. Pensámos, debatemos e criámos uma discussão tão animada que foi difícil pará-la! As e os retalhistas, atacadas por todos os lados por causa da injustiça da fatia do lucro que exigiam, acabaram por se defender dizendo: "Tá bem, não é justo, mas é normal!". A partir daí, animou-se um grande debate, onde desafiámos o que consideramos ‘normal’ e ‘justo’, partilhámos alternativas; vimos em conjunto como o comércio justo tem o bem-estar das pessoas e a justiça – social, económica e ambiental – como fins principais das trocas económicas. Vimos, através do que são as alternativas económicas, como criar novos sentidos ao que achamos normal, questionando um modelo económico que tem como valores principais o lucro, o individualismo, a competição, a exploração humana e dos recursos sem fim. Discutimos, a partir de alguns dados – locais, nacionais e mundiais – sobre trabalho, diferença salarial e níveis de igualdade de género, e vimos como o comércio justo é e pode ser uma alternativa ao alcance para uma verdadeira igualdade entre homens e mulheres. Acabámos o dia a jogar, com uma caça ao tesouro baseada em lógicas de cooperação, e que fez-nos descobrir o ótimo chocolate do comércio justo! No segundo dia, mergulhámos noutra alternativa económica: o Banco do Tempo, onde pessoas trocam tempo por tempo, e cujo foco está nas relações humanas, na solidariedade e no fazer e partilhar com outras pessoas o que gostamos … de fazer e de partilhar! Discutimos ainda as moedas sociais e outras formas de pensar a utilização e acumulação do dinheiro baseadas na solidariedade. Continuámos a desafiar pensamentos, a valorizar a cooperação, através de jogos, questionando a competição. Partilhámos opiniões diferentes, duvidámos e procurámos leituras complexas... tentamos apenas exercer o espírito critico! O encontro acabou com vontade de conhecer mais alternativas económicas e com propostas entusiasmantes para o próximo encontro!

Outras Economias no Porto

20 de junho. A propósito do n.º 3 da revista Outras Economias, estivemos na livraria Gato Vadio à conversa sobre justiça climática e justiça económica. Com os contributos do Climáximo e da Sara Moreira, da Gato, explorámos várias vertentes desta ligação, nomeadamente, a relação entre agricultura(s) e crise climática, ou não fosse a noite marcada por uma excelente sopa e acepipes preparados, de forma caseira, com produtos locais e de pequenos/as produtores/as. Desde as alternativas energéticas aos movimentos de jovens pela justiça climática, a conversa fluiu num grande consenso que se há algo que temos a mudar, é o sistema!

Participação no programa EUROSCOLA

27 e 28 de maio. O Instituto Português do Desporto e Juventude, em conjunto com o Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal, a Assembleia da República, Assembleias Legislativas e Direções Regionais de Juventude dos Açores e da Madeira organizaram mais uma edição do programa EUROSCOLA, para a qual fomos convidados/as a participar enquanto membro do júri nacional. O programa é dirigido a alunos/as do ensino secundário, no âmbito da cidadania, e consiste na simulação do trabalho dos/as Eurodeputados/as numa sessão do Parlamento Europeu. Para tal, os e as estudantes de todo o país podem submeter trabalhos, numa versão escrita e oral, que após avaliação do júri, concedem aos e às alunas e escolas vencedoras a possibilidade de irem até Estrasburgo. Este ano o tema foi "Promover a paz, os seus valores e o bem-estar dos povos”, foram 20 as escolas selecionadas a nível nacional e destas, 3 irão participar com colegas de outros Estados-membro na simulação do Parlamento Europeu. Os trabalhos foram muito variados em termos de abordagem, de leituras possíveis do tema até, na versão oral, às linguagens utilizadas, desde o vídeo, à música, ... à magia! Demonstrando grande empenho e compromisso com os valores éticos e políticos em questão, por parte dos e das alunas que representaram as suas escolas e dos/das seus/suas professores/as.

Outras Economias na Covilhã: quando a conversa dá vontade de fazer!

9 de maio. Voltamos a visitar a cooperativa CooLabora, na Covilhã, que nos convidou a apresentar o segundo número da revista "Outras Economias". A apresentação foi realizada com um grande grupo de jovens que costuma participar nas atividades do projeto Coolaboratório. Mais do que uma apresentação, o que aconteceu foi exatamente o que a revista gostaria de proporcionar: uma bela e rica conversa! A partir de alguns conteúdos abordados na revista, mas sobretudo com a grande participação e conhecimentos das e dos jovens, gerou-se uma reflexão participada por todos/as, trocaram-se opiniões e pensou-se concretamente nas alternativas ao capitalismo fóssil a que nos podemos juntar! Como sempre, quando se fala de justiça climática, surgiram muitos assuntos, desde a urgência de agir, e as possíveis formas de o fazer; as alternativas que já existem; as lutas dos movimentos, locais, nacionais e internacionais; falou-se de neocolonialismo e de neoextrativismo, dos mecanismos políticos e estruturais que devemos combater para que uma transição energética seja realmente possível e justa para todas as pessoas, tanto no Norte quanto no Sul global, tanto nas capitais quanto nas regiões interiores. A conversa foi tão bonita e rica que durou mais do previsto e acabou com muitas ideias concretas, a serem realizadas! Venham mais visitas à Covilhã!

Cidadania em Ação!

15-18 de abril. As últimas semanas têm sido de grande azáfama na Escola Secundária de Amora (ESA). Toda a escola, em particular os e as estudantes de Cidadania & Desenvolvimento, tem partilhado com a comunidade educativa os seus percursos de reflexão e debate sobre os domínios desta área curricular, cruzando com os 50 anos do 25 abril. As 4 turmas que o CIDAC tem acompanhado não são excepção. No dia 15, a turma de 2.º ano de Técnicos/as de Turismo dinamizou um debate relacionado com o domínio que explorámos desde outubro: o mundo do Trabalho. Com  a participação do MDM, da UMAR e do projeto teatral “Pêndulo”, discutiram-se durante duas horas e meia questões ligadas às “Mulheres e Imigração no mundo do Trabalho, antes e depois do 25 de abril”.
No dia seguinte, a turma do 10.º G de Línguas e Humanidades, que trabalhou sobre o domínio “Direitos Humanos”, montou uma exposição no pavilhão central da escola dedicado ao tema Migração no Mediterrâneo. Através da arte expressaram a realidade dramática que milhares de pessoas vivem ao tentar chegar à “fortaleza Europa”.
No dia 18, a turma 3.º ano de Técnicos/as de Ação Educativa, que fez um percurso à volta da Saúde, organizou uma tarde com três momentos: uma palestra dada por uma psicóloga sobre a saúde mental antes e depois do 25 abril; a visualização de entrevistas a duas mulheres que vivem, atualmente, numa casa para pessoas idosas no concelho do Seixal, e que falam a partir da sua experiência de vida sobre questões como a habitação e a educação, questões que raramente ligamos à dimensão da saúde. Por fim, um momento de discussão sobre as políticas públicas de saúde antes de 1974 e hoje.
Todas estas atividades foram pensadas e organizadas pelas turmas, em conjunto com os e as suas professoras e a equipa do CIDAC e representam importantes momentos de concretização de cidadania e da Escola enquanto lugar de formação de sujeitos políticos!
As comemorações dos 50 anos do 25 de abril irão continuar na ESA com as Oficinas de Inteculturalidade, já em maio, onde a quarta turma irá igualmente partilhar os trabalhos realizados com a restante comunidade educativa.

Segundo encontro do Sem Sombras: olhar de perto as desigualdades!

2 e 3 de abril. Para o segundo encontro residencial do projeto Sem Sombras voltámos ao Centro do Graal na Golegã, onde nos encontrámos com um grupo de jovens da Chamusca, Ponte de Sôr, Constância e Alpiarça. O grupo acolheu novas pessoas que participaram no projeto pela primeira vez. Após um primeiro momento, dedicado ao reencontro, com dinâmicas de  interconhecimento do grupo, e ao enquadramento do projeto Sem Sombras, ouvimos as partilhas dos grupos de jovens da Chamusca e de Ponte de Sôr sobre as ações de sensibilização entre pares que implementaram e que estão a planear fazer nas suas escolas. Passámos a tarde com o Eduardo Frazão, ator que trabalha com o Teatro do Oprimido, uma metodologia teatral, através da experiência em primeira pessoa e da ferramenta fundamental que é o diálogo, e que tem como objetivo a transformação social da realidade. Juntas vivenciamos diferentes jogos teatrais e dinâmicas de grupo, dialogámos sobre as sensações que suscitaram, trocando opiniões, e representámos situações de desigualdade entre homens e mulheres como a discriminação no mercado laboral, o assédio sexual e a sobrecarga das mulheres com responsabilidades domésticas e de cuidado. Acabámos o dia com uma fantástica caça aos ovos pela casa! No segundo dia, voltamos a pensar nas situações de desigualdade que teatralizámos no dia anterior, tentando identificar e analisar as respectivas causas e consequências. Ao explorar as raízes das situações sentidas como problemáticas, procurámos perceber que consequências podem ter tanto para as mulheres como para os homens: trazer luz as raízes e os frutos para poder mudar! Mais uma vez percebemos a importância de aprofundar os temas através da partilha de vivências pessoais e da reflexão coletiva: obrigada a todas as e os jovens que aceitaram o desafio e participaram com tanto entusiasmo! Animadas para esta segunda etapa, voltaremos a encontrarmos nas comunidades destas e destes jovens em breve, antes de voltar à Golegã para o próximo encontro residencial.

A luta antirracista e anti-colonial através da arte: Xullaji na Escola Secundaria da Amora!

22 de março. Recebemos, juntamente com 4 turmas da Escola Secundária da Amora e a equipa de Cidadania e Desenvolvimento, o rapper, músico e artista multifacetado Xullaji no auditório da escola, com o qual tivemos uma conversa muito participada e enriquecedora! Xullaji, nome artístico principal de Nuno Santos, de pais cabo-verdianos mas nascido e crescido na Margem Sul, é um nome fundamental do hip hop português que tem, desde o início do seu percurso artístico, utilizado o rap e a música como lugares de luta anti-racista e anti-colonial. A partir do visionamento de um dos seus vídeos, A luta continua, falámos de vários temas: desde porque é que ele quis fazer música, ainda miúdo; da importância da cultura hip-hop para o seu crescimento político, pessoal e musical; da situação atual do racismo em Portugal; das mudanças que se deram na luta antirrascista depois do 25 de abril; mas também da globalização e das migrações no mundo por causa das políticas predatórias do neocolonialismo, das relações entre a economia hegemónica e a nossa cultura... e muito mais! Até à importância da arte, quando entendida como empenho social, que nos ajuda a perceber o mundo e não apenas a entreter-nos, adormecendo-nos ainda mais! Xullaji ajudou-nos a perceber o quanto campos como a música e as lutas políticas estão entrelaçados. Falámos de música e de envolvimento político antirrascista e anti-colonial, da música de intervenção portuguesa, mas também de teatro e das várias formas artísticas que o Xullaji põe em ação e, sobretudo, dos valores que, qualquer que seja a forma escolhida, orientam o trabalho de tantas e tantos artistas que escolhem a arte para lutar por um mundo mais justo. Os e as jovens estudantes participaram animadamente, com muitas perguntas e comentários que geraram um debate rico em opiniões diferentes, num clima de diálogo e de escuta recíproca, sem medo de dizer o que pensam, e com vontade de aprender em conjunto. Tantas foram as perguntas e intervenções que quase não deixávamos o Xullaji ir-se embora... Encerrámos o encontro com uma prenda feita por um estudante, que a escola ofereceu ao artista, convidando-o a voltar quando quiser: uma escultura com um abraço, simbolizando o abraço que a escola lhe deu! Obrigada ao Xullaji por ter partilhado este momento connosco e aos e às jovens que participaram com tanto entusiasmo!

Outras Economias: lançamento do #2

7 de fevereiro. Clima e economia: que relação? O segundo número da revista Outras Economias, elaborado em conjunto com o Climáximo, tenta explorar e explicitar como a emergência climática e o sistema económico (social, cultural, ecológico...) se entrelaçam, historicamente e na atualidade. Capitalismo fóssil, transição vs expansão energética, alternativas energéticas e socioecológicas, lutas e movimentos ligados à justiça climática, são alguns dos temas que compõem esta edição e que foram os tópicos de discussão no lançamento da revista. As intervenções de Guilherme Luz, investigador e um dos organizadores das Jornadas pela Democracia Energética, e da Arte, da Greve Climática Estudantil, fomentaram e enriqueceram o debate com os e as participantes, num fim de tarde animado, na biblioteca do Chapitô.