Começamos o ano com uma amostra variada: a edição portuguesa de um jornal mensal internacional indispensável; um livro (em inglês) sobre o “estado da arte” da Educação Global / Educação para o Desenvolvimento na Europa e uma publicação editada pela Coolabora (Covilhã) a partir de textos de Mia Couto. Fecundas inspirações para 2014!
Le Monde Diplomatique – edição portuguesa (II série)
Em dezembro saiu o nº 86 desta série. Todos os meses está ao nosso alcance jornalismo informado e crítico, refletindo sobre a atualidade, com alicerces na compreensão do passado e numa visão de longo prazo – justamente o que muitas vezes nos queixamos de não encontrar noutros projetos editoriais. A par da tradução de artigos da edição internacional, há sempre uma série de peças de autoria portuguesa, mais relacionadas com a realidade nacional. O Le Monde Diplomatique tem tido um papel fundamental na identificação de jovens investigadores portugueses de várias áreas (científicas e políticas) que convida para escreverem no jornal, expondo assim os seus trabalhos a um público mais vasto, que amplia o seu conhecimento das capacidades nacionais ativas e intervenientes.
A edição portuguesa lançou-se também na publicação, em conjunto com a Edições 70, de uma coleção que “apresenta obras de síntese sobre temas de atualidade social, política e económica, nacional e internacional, reunindo artigos publicados no jornal e textos inéditos”. Alguns dos títulos saídos recentemente: “A política em estado vivo”, “Que fazer com este euro?”, “Portugal, uma sociedade de classes”, “Imigração e racismo em Portugal”, “Desigualdades em Portugal”.
Informação mais completa, nomeadamente sobre modalidades de assinatura, em http://pt.mondediplo.com.
Global Education in Europe: Policy, Practice and Theoretical Challenges. Edited by Neda Forghani-Arani, Helmuth Hartmeyer, Eddie O'Loughlin, Liam Wegimont. Waxmann, Münster, 2013 (cota CIDAC: M.308)
No seguimento do 10º aniversário do 1º Congresso europeu de Educação Global (EG), realizado em Maastricht em 2002, o GENE - Global Education Network Europe (www.gene.eu) reuniu uma série de contribuições que permitiram traçar o percurso do que tem sido a EG na Europa (nalguns países, como em Portugal, o conceito utilizado é o de Educação para o Desenvolvimento), fazer luz sobre os debates atuais e lançar pistas sobre os desafios que se avizinham.
O livro divide-se em 5 capítulos: no primeiro relatam-se 3 experiências de Estratégias Nacionais de Aprendizagem Global / Educação para o Desenvolvimento / Educação Global (Áustria, Portugal e República Checa); no segundo, apresentam-se as estruturas nacionais responsáveis pela ED/EG na Bélgica, na Alemanha e na Polónia; o terceiro é dedicado à Aprendizagem Global no sistema formal de ensino, através dos casos da Finlândia, Irlanda, Holanda e Suécia; o quarto refere-se a temas específicos: o papel das ONG na ED/EG, o desenvolvimento de uma cultura de investigação nesta área, os progressos no campo da qualidade e a experiência dos “Peer Review” (promovidos pelo GENE, até à data, em 7 países).
Talvez o capítulo mais inspirador seja o último: “Educação Global na Europa: desafios nas práticas, nas políticas e na teoria”. Seis autores, da Noruega, Brasil, Alemanha, Irlanda e Áustria partilham experiências, reflexões, sínteses e novas perspetivas para a ED/EG.
Há muito a descobrir e a repensar.
Romper silêncios: género em Mia Couto. Coolabora, Covilhã, 2012 (cota CIDAC: Mz-lit. V-13)
A Coolabora (www.coolabora.pt) é uma cooperativa de intervenção social da Covilhã, ativa, nomeadamente, na luta pela igualdade de género e contra a violência contra as mulheres “que ensombra persistentemente a nossa vida coletiva”.
Do diálogo entre a escrita de Mia Couto e as artes visuais dos alunos e alunas do curso de Design Multimédia da Universidade da Beira Interior nasceu esta publicação, que explora 5 contos do autor moçambicano, selecionados por Teresa Correia, especialista em questões de género.
“Entre o story-board e a animação final houve momentos de intenso debate e partilha, procurando-se evidenciar as particularidades de linguagem gráfica e clarificar os conceitos e adequar os ritmos e a linguagem plástica ao fluxo de interpretação da narrativa”, conta Francisco Paiva, diretor do curso de Design Multimédia.
Graça Rojão, dirigente da Coolabora, explicita: “Mia Couto rasga silêncios. Questiona-nos sobre a invisibilidade, a repressão, o silenciamento, a menorização ou o controlo e fala-nos das mulheres, essas entidades marginais, sem voz, sem outra história senão a que os homens lhe emprestam. Com este trabalho pretendemos contribuir para ampliar a reflexão e a consciência crítica, fundamentais no reforço da capacidade transformadora individual e coletiva para uma vida sem violência.”