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Um inglês em Lisboa: os primeiros dias

     O meu nome é Luke e há dez dias cheguei da Inglaterra para fazer um estágio de cinco meses aqui no CIDAC. Sou um estudante de línguas modernas e medievais (pelo menos segundo o nome ‘oficial’ do meu curso – afinal de contas, a língua occitana não é o meu ponto forte!) na Universidade de Cambridge. Conforme quase todos os bacharelatos de Letras no Reino Unido, é obrigatório passar o terceiro ano da formação no estrangeiro, a estudar numa universidade ou a trabalhar com uma organização como o CIDAC. Embora muitos dos meus amigos tenham decidido instalar-se mesmo do outro lado da Mancha para aprimorar as suas competências de francês, eu sempre tive vontade de fazer algo um pouco mais aventureiro. Depois de terminar o meu estágio com o CIDAC, viajarei para uma cidade pequenina no interior do Brasil a fim de trabalhar para uma organização de solidariedade que toma conta de crianças negligenciadas e ajuda-as a realizar o seu potencial apesar das adversidades que têm de enfrentar cada dia.

     Enquanto em Portugal, espero antes de mais nada melhorar o meu português até conseguir falar confiantemente e sem hesitação. Os meus primeiros dias cá já provaram que esse desafio vai ser muito maior do que eu podia ter imaginado. Tal como seria de esperar, o curso de português (e de línguas em geral) em Cambridge não oferece muitas oportunidades a nível de apurar as competências de fala e de compreensão oral, e só com uma hora de prática oral por semana fora das aulas de gramática, descobri ao chegar que o meu conhecimento do ‘calão’ português era mais ou menos zero! Como um amigo me explicou, esta falta de conhecimento sobre os pormenores mais subtis da língua pode ser um tanto frustrante, pois não possuo o vocabulário necessário para participar numa brincadeira entre amigos, tendo já perdido o sentido da sua conversa. Não obstante, acho que já aprendi mais sobre a língua portuguesa durante a minha estadia aqui do que poderia ter aprendido em dois meses na universidade; apesar de tropeçar na metade das minhas palavras, já estou a sentir os efeitos da imersão linguística, e estou ansioso por testar as minhas competências no trabalho.

     No CIDAC, o meu papel chama-se ‘Development Education Junior Officer’. Tenho um número de tarefas básicas – além de traduzir o site institucional do CIDAC para inglês, tenho de traduzir e produzir materiais acerca de uma política de comércio livre cuja promulgação está a causar muita polémica em esferas políticas – o Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP). Ademais, o meu trabalho consiste em desempenhar dois turnos por semana na Loja de Comércio Justo do CIDAC, o primeiro dos quais acabo de completar esta manhã. Depois de passar duas horas com a Dénia a familiarizar-me com o funcionamento da caixa e da loja em geral, fui (para meu horror inicial!) deixado sozinho para cuidar da loja e lidar com os clientes.

     Felizmente, apesar de ter que tentar superar uma barreira linguística, isto correu melhor do que eu tinha receado. Muitos dos clientes ficaram surpreendidos ao ouvir um inglês falar a sua língua, o que serviu de quebra-gelo em numerosos casos! No entanto, ainda há tanto que preciso aprender sobre os vários produtos vendidos na loja e sobre as facetas e visões diferentes do comércio justo. Finalmente, estou encarregado de arquivar e categorizar as fotografias digitais do CIDAC, que abrangem um vasto período de tempo e inúmeros países, da Guiné-Bissau a Timor-Leste. Ver estas fotos lembra-me como é empolgante fazer parte de uma organização tão histórica, reconhecendo o papel do CIDAC na informação e sensibilização dos povos portugueses às injustiças do regime colonial.

     Depois de quase duas semanas em Lisboa, estou a adaptar-me gradualmente ao modo de vida português, e estou ansioso por ver tudo o que este país tem para oferecer. Ao mesmo tempo, estou a desfrutar enormemente do meu estágio no CIDAC, ajudado em grande parte pelos colegas solidários que me rodeiam. Já tenho a certeza de que a minha estadia aqui vai satisfazer (ou ainda ultrapassar) todas as minhas expectativas.

      24 julho 2014


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Tenho 24 anos e sou estudante de Desenvolvimento Sustentável, em Turku, na Finlândia. Estou no CIDAC como estagiária e este período de formação faz parte da minha licenciatura (serei Técnica de Gestão Ambiental). Estive a trabalhar a tempo inteiro e a duração do estágio foi de 3 meses. Recebi uma bolsa do Programa ERASMUS da minha universidade para cobrir algumas das despesas do trabalho no estrangeiro.

Eu queria encontrar um estágio numa organização não-governamental em Portugal e descobri o CIDAC ao pesquisar na Internet. A organização parecia convincente e trabalhava nos campos que acho mais interessantes: cooperação para o desenvolvimento, soberania alimentar, Comércio Justo e sensibilização do grande público. Entrei em contacto com eles por correio eletrónico e fizemos um plano e um acordo acerca do meu estágio.

Enquanto estive no CIDAC, trabalhei na produção de um guia sobre tecnologias apropriadas no domínio da construção interessantes para Timor-Leste, em formato de página web imprimível e disponível para descarregar. O guia está ligado ao projeto de desenvolvimento ‘Ahimatan ba Futuru´. O trabalho incluiu a pesquisa e a produção de artigos para o guia, e entrei em contacto com os editores dos documentos que queríamos utilizar.

Também aprendi a utilizar um programa de código aberto que se chama ´KPhotoAlbum´. Cataloguei as fotografias da base de dados do CIDAC e reorganizei as que estavam perdidas em vários ficheiros, utilizando este programa.

Além destas duas tarefas maiores, também ajudei na organização dos produtos da Loja de Comércio Justo, distribuí cartazes para divulgar uma conferência e trabalhei como fotógrafa no próprio evento, entre outras coisas menores.

Acho que aprendi muito durante o meu estágio. Tal como eu esperava, experimentei em primeira mão o tipo de funcionamento de uma pequena organização não-governamental como esta, como os vários projetos e a Loja de Comércio Justo são geridos numa base diária, e como os eventos do CIDAC são organizados. Aprendi sobre várias técnicas de construção apropriadas e ecológicas, na teoria, sobre o método de produção de um guia técnico, sobre como contactar pessoas, e expus-me a novos modos de pensamento. Foi gratificante saber que o trabalho que fiz foi por uma causa justa, inserida num quadro mais alargado. Espero sinceramente que este trabalho ajude outras pessoas a tomar decisões mais sustentáveis e responsáveis.

Recomendo vivamente que outros estudantes e outras pessoas interessadas se informem sobre as opções de voluntariado no CIDAC!

31 de julho, 2014

 

 

 

LUKE SAWYER


An Englishman in Lisbon: The Early Days

     My name is Luke, and ten days ago I arrived from England to undertake a five-month internship here at CIDAC. I am a student of Modern and Medieval Languages (at least according to the ‘official’ name of my course – Medieval Occitan is admittedly not my strong point!) at the University of Cambridge. As is the case with almost all students taking language degrees in the UK, it is compulsory to spend your third year abroad, studying at a university or working with an organization like CIDAC. Although many of my friends decided to settle down just across the Channel in order to hone their French skills, I’d always wanted to try something a bit more adventurous. After finishing my internship with CIDAC, I’ll be travelling to a very small town in the state of Bahia in Brazil in order to work for a charitable organization which takes care of neglected children and helps them to realize their potential despite the adversities that they have to face every day.
   
     Whilst in Portugal, I hope more than anything to improve my Portuguese until I am able to speak confidently and without hesitation. Unfortunately, my first few days here have already proven that this challenge is going to be much greater than I could have imagined! As one might expect, the language courses at Cambridge don’t offer a great deal of opportunities in terms of improving speaking and listening skills, and with only one hour of oral practice per week outside of grammar lessons, I discovered upon arrival in Lisbon that my knowledge of Portuguese slang and colloquialisms was next to nothing. As a friend once explained to me, this lack of knowledge about some of the finer details of the language can prove to be frustrating, as I often find myself lacking the vocabulary or expressions that I need to join in on a joke between friends, having already lost track of their conversation. Nevertheless, I feel like I’ve already learnt more about the Portuguese language during my stay here than I could have learnt in two months at university; despite stumbling over half of my words, I’m already feeling the effects of linguistic immersion, and I’m looking forward to testing my skills at work.
    
     At CIDAC, my role is entitled ´Development Education Junior Officer’. I have a number of basic tasks – in addition to translating CIDAC’s institutional website into English, I have to translate and produce materials relating to a free trade policy  which is causing an enormous amount of controversy in political spheres – the Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP). Furthermore, my role consists of working two shifts per week in CIDAC’s Fair Trade Shop, the first of which I just completed this morning. After spending two hours with Dénia familiarizing myself with the till and the inner workings of the shop in general, I was (to my initial horror!) left alone to figure out my surroundings and deal with customers.
   
     Fortunately, despite having to overcome a language barrier, everything ran much more smoothly than I had feared. Many of the customers were surprised to hear an English person speaking their language, and this served as an effective ice breaker in a number of cases. However, there’s still a lot that I need to learn about the various products that are sold in the shop, as well as the many different facets and interpretations of what ‘Fair Trade’ actually constitutes. My final task is to archive and categorize CIDAC’s digital photographs, which encompass a vast time scale and several different Lusophone countries, from Guinea-Bissau to East Timor. Seeing these photographs for the first time reminds me just how exciting it is to be part of such an historic organization, and every day I learn more about CIDAC´s initial role in informing and educating the Portuguese public about the injustices of Salazar’s colonial regime.
    
     After almost two weeks in Lisbon, I’m gradually getting used to the Portuguese lifestyle, and I’m looking forward to experiencing everything that this country has to offer. At the same time, I’m undoubtedly enjoying my internship at CIDAC, and everything has been made easier by the supportive colleagues that surround me. I already have no doubt that my stay here will fulfill (or maybe even exceed!) all of my expectations.
 

 

 

 

 
JOHANNA  MYLLYNIEMI



I am a 24-year-old sustainable development student from Turku, Finland. I was working at CIDAC as an intern, and the training period is part of my bachelor's degree (I will graduate as an environmental manager). I was working full time, and the duration of the internship was 3 months. I got an Erasmus scholarship from my university to cover some of the costs of doing the internship abroad.

I wanted to find a placement in a non-governmental organization in Portugal and discovered CIDAC by searching the Internet. The organization seemed convincing and was working with the things I am most interested in: development cooperation, food sovereignty, Fair Trade, and raising awareness, so I contacted them by email, and we made a plan and an agreement regarding my training period.

I have been working on a guide concerning materials for appropriate construction technology, here within the context of East Timor. The guide is linked to the development project “Ahimatan ba Futuru” and is in the form of a downloadable and printable web page. The work has included both researching and producing the guide articles and contacting the owners of the documents that we wanted to use.

I have also learned how to use the open-source image annotating software KPhotoAlbum and have been organizing CIDAC's photographs that were lost in their folders with that software.

Besides these two major tasks, I have been helping with the Fair Trade store products, spreading conference posters and being a photographer in the event itself, along with other smaller things.

I feel that I have learned a lot during my training period. I have seen how this kind of small non-governmental organization works, how different projects and a store are run on a daily basis and how events are organized, just like I hoped to. I have learned about appropriate and ecological construction techniques in theory, about the process of producing a technical guide, contacting people, and some new ways of thinking. It was also rewarding to know that the work I did was for a just cause, as part of a bigger picture. I sincerely hope that it helps to make some sustainable choices out there.

I really recommend students and other interested people to ask about volunteering options at CIDAC!