Atividades Realizadas 2019

Actividades realizadas pelo CIDAC em 2019

Visita à cooperativa LiberoMondo
 
5 novembro 2019. Passados alguns anos da primeira visita do CIDAC à LiberoMondo, voltámos a Itália no passado dia 5. Uma visita curta mas frutífera, uma vez que nos permitiu estreitar laços e perceber um pouco melhor o funcionamento desta cooperativa com quem trabalhamos desde a abertura da nossa loja associativa. A LiberoMondo é uma cooperativa social de tipo B (isto é, pelo menos 30% dos/as seus/suas sócios/as trabalhadores/as encontravam-se em situações sócio-económicas vulneráveis), que conta, neste momento, com 34 sócios/as trabalhadores/as. A cooperativa conjuga a atividade de importação e comercialização de produtos oriundos do circuito do comércio justo internacional e de cooperativas sociais de produção italianas, com transformação alimentar, de cosmética e de artigos de limpeza. A cooperativa, fundada em 1997 na cidade de Bra (região do Piemonte), surgiu com a criação de uma loja que mantém até hoje.
Esta visita foi igualmente importante porque nos deu algumas luzes sobre as dificuldades que o comércio justo tem sentido e os caminhos que tem seguido, em Itália. Tivemos ocasião de visitar uma outra loja perto da LiberoMondo, da associação Checevò, em Cuneo; duas outras lojas-cooperativas, na cidade de Turim e uma loja-cooperativa, em Roma. Se, por um lado, o comércio justo, enquanto movimento heterogéneo tem perdido força na sua vertente associativa e de lojas do mundo, a economia solidária, baseada nos territórios e em pequenas cooperativas sociais de produção agroalimentar e de artesanato, parece ter ganho expressão. Em Itália, como um pouco por toda a Europa, o decrescimento das lojas de comércio justo deve-se, em parte, ao surgimento de produtos com certificação de ingrediente nas grandes superfícies comerciais, uma realidade difícil de contrapor pelo modelo de comércio de proximidade e de pequena dimensão que defendemos.

Oficina de formação para docentes “Viver e mudar a escola em conjunto”
26 outubro

26 de outubro.  teve lugar, no CIDAC, a quinta sessão da oficina de formação para professores e professoras dos Agrupamentos de Escolas Lindley Cintra e de Benfica, enquadrada no projeto “Escola, Ser Vivo dentro de um ecossistema”.
Esta sessão, que contou com a presença de 13 docentes, foi dedicada aos planos de investigação sobre as problemáticas que os e as professoras identificaram nas suas escolas, ligadas essencialmente ao tema da participação dos alunos e das alunas e às suas formas de apropriação do espaço da escola.
Divididos/as em 3 grupos e com base nas problemáticas identificadas, os/as participantes na oficina têm desenvolvido nas últimas semanas instrumentos que lhes permitirão obter informações e aprofundar reflexões sobre essas problemáticas. O objetivo destas investigações é fornecer bases sólidas para, posteriormente, decidirem que ações por em marcha para tentarem contribuir para a solução dos problemas.

Panos da Guiné-Bissau à venda na loja de Comércio Justo do CIDAC

24 setembro. Artissal é uma organização de tecelões guineense que trabalha desde o início dos anos 2000 na salvaguarda da tecelagem tradicional. Inspirada desde a sua fundação pelos princípios do Comércio Justo, Artissal iniciou uma colaboração com o CIDAC há cerca de 15 anos, que culmina agora com a comercialização dos seus produtos na nossa loja.
O pano de pinti é uma peça central do artesanato guineense, utilizado tradicionalmente nos momentos importantes da vida, cerimónias, casamentos, funerais… É realizado integralmente de maneira manual, com recurso a um tear de aparência rudimentar mas de conceção muito engenhosa, o “pinti”. Os ficiais (tecelões) das etnias Pepel e Mandjaca são depositários de uma arte antiga que se transmite entre gerações.
A Artissal, com a colaboração do CIDAC, levou a cabo um trabalho de formação dos tecelões nas áreas da literacia, do comércio justo, melhorou as condições de trabalho e promoveu os produtos que encontraram uma nova dinâmica comercial, sobretudo no mercado interno, mas também internacional. A recuperação de padrões antigos, alguns quase desaparecidos e a renovação da paleta de cores, associadas a uma grande qualidade de realização permitiram um novo tipo de procura do pano de pinti, nomeadamente para a confeção têxtil ou a realização de acessórios de moda.
Na Loja de Comércio Justo do CIDAC encontram-se à venda toalhas de mesa e guardanapos, bandas e centros de mesa, individuais, panos de praia, vindos diretamente da fábrica da Artissal, em Quinhamel, Guiné-Bissau.

30 agosto 2019 – Timor-Leste: 20 anos do referendo

Entre 24 de agosto e 8 de setembro o CIDAC esteve em Timor-Leste, associando-se à celebração do aniversário dos 20 anos sobre a realização do referendo que, em 1999, abriu caminho à independência do país.
Foi um tempo de festa, de (re)encontros, de memórias mas também de reflexão, nomeadamente sobre as aprendizagens feitas no "tempo da luta" e sobre a ligação que faz sentido fazer entre estas experiências e as diferentes lutas que se continuam a travar atualmente, em Timor-Leste e no resto do mundo.
A diversidade foi a característica mais marcante destes dias, diversidade de participantes, de origens geográficas (de Portugal, Indonésia, Sri Lanka, Nova Zelândia, Austrália, Estados Unidos da América, Holanda, Alemanha, Grécia, Filipinas, Malásia, França,...), de eventos, de temas em discussão... Pela nossa parte, envolvemo-nos essencialmente num conjunto de iniciativas de organizações da sociedade civil timorense, nas quais se discutiu (de muitas formas diferentes) o que se entende hoje por solidariedade internacional. Enquanto membros dos antigos grupos de solidariedade com a luta de autodeterminação, fomos diretamente questionados sobre se a solidariedade internacional terminou com a independência? E se não, como se pode hoje exprimir. Por outro lado, os/as participantes timorenses questionavam-se a si próprios sobre como se pode concretizar a responsabilidade que, enquanto nação, sentem relativamente a outros povos em lutas muito semelhantes à sua própria luta de independência, nomeadamente da Papua ou do Sahara Ocidental, assim como em relação a outras lutas atuais, associadas à defesa global de direitos económicos, sociais e culturais. Estas duas linhas de reflexão surgiram, muitas vezes, no contexto de debates centrados na realidade timorense, sobre temas tão diversos como a delimitação de fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália, a urgência climática, as questões de género ou a justiça para as vítimas de violações de direitos humanos no período entre 1974 e 1994.
Mesmo sem termos atualmente projetos em curso em Timor-Leste (aguardamos uma resposta para breve...), esta viagem foi também o momento de reforçar laços com os/as produtoras com quem iniciámos uma relação comercial em 2018, de atualizar informação sobre as organizações, e sobre os resultados do procedimento de exportação/importação que fizemos juntos/as, e ainda para fazer compras que vieram reforçar a oferta na loja do CIDAC. Esta forma de cooperação vai ganhando espaço na nossa intervenção.
Ficamos à vossa espera, na Loja, para conhecerem os produtos de Timor-Leste, as organizações timorenses e as pessoas que nelas trabalham.

Novo projeto de Educação para o Desenvolvimento aprovado

Junho 2019. “Jovens Embaixadores do Comércio Justo, alargando horizontes” é um projeto que vem dar continuidade a uma intervenção iniciada em 2015 e que juntou um grupo de alunos/as e professores/as da Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Benfica, à volta das questões do Comércio Justo e do Consumo Responsável.
Financiada pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, esta nova fase permite-nos associar à Escola José Gomes Ferreira mais dois estabelecimentos de ensino, a Escola Secundária de Amora, no Seixal e a Escola Secundária Fernão Mendes Pinto, em Almada. Nos próximos 3 anos, iremos então co-construir com os/as jovens e os/as seus/suas professores/as dinâmicas de sensibilização para o Comércio Justo destinadas à comunidade escolar e lideradas pelos/as alunos/as. Os 3 grupos terão também a oportunidade de tecer laços entre eles em momentos privilegiados de partilha e de visitar grupos que se dedicam às mesmas problemáticas em França e na Bélgica. À imagem do que já acontece na escola de Benfica, as duas novas escolas irão também desenvolver uma atividade de comercialização de produtos do Comércio Justo.

Jornadas ED – A Educação para o Desenvolvimento nas Escolas

18 maio 2019. No dia 18 de Maio, decorreu em Lisboa, na Escola Secundária Dom Dinis, as primeiras Jornadas de ED, evento que pontua cada ano de vigência da Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento 2018-2022.  Dedicado ao tema da ED nas escolas, o evento reuniu cerca de 63 participantes vindos de todo o pais. A Comissão de Acompanhamento da ENED, composta do CIDAC, da Plataforma Portuguesa das ONGD, do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e da Direção Geral de Educação, reforçada pela ANIMAR, a CPADA, a Agência Portuguesa do Ambiente e a ARIPESE organizaram este evento que se dividiu em três momentos complementares: uma manhã mais expositiva em que se apresentou o quadro estratégico da ED nas escolas e se aprofundaram as dimensões de colaboração entre atores e a formação inicial e contínua de docentes em ED, um momento de partilha de práticas concretas de ED em escolas e uma tarde de oficinas permitindo o contributo de todos e todas as participantes.
Além de ter integrado a Comissão Organizadora do evento e participado ativamente na sua realização, o CIDAC também forneceu uma Pausa Justa. Com efeito, o evento tentou ser o mais coerente com o que defende a Educação para o Desenvolvimento, ao servir produtos de comércio justo e um almoço preparado por refugiados do Meio Oriente ou ainda através da disponibilização de um espaço de animação para crianças.
Dia Mundial do Comércio Justo
 
11 maio 2019. No dia mundial do Comércio Justo, desafiámos clientes, sócios/as, amigos/as, voluntários/as, produtores/as da nossa loja a dizerem o que representa para eles e elas o Comércio Justo. Numa animada manhã de Primavera, juntamente à distribuição semanal dos cabazes PROVE e à reunião mensal da Rede para o Decrescimento, fomos juntando palavras e desenhos, regados por uma fresca limonada, que nos falam do comércio justo como responsabilidade; sustentabilidade social e ambiental; compromisso; solidariedade; transparência; dignidade para todos/as; justiça para produtores e consumidores; menos intermediários; proteção dos e das artesãs; potenciar a reparação e a reciclagem, a partilha; não ao trabalho infantil; acesso a produtos de outros países e culturas; dar o devido valor a quem produz; assumir comportamentos individuais e coletivos que ponham fim à usurpação feita pelas multinacionais aos pequenos e médios produtores; em suma,... o bem-estar de todos e todas.
Paralelamente, aceitámos o convite da Câmara Municipal de Loures para, pelo segundo ano consecutivo, dinamizar uma sessão de sensibilização sobre Comércio Justo na Mercearia Santana, em Sacavém.
Indo ao encontro das características muito particulares deste espaço, uma mercearia tradicional que guarda todo o ambiente do que era o comércio tradicional em meados do século passado, estivemos à conversa sobre o que é hoje a indústria de distribuição alimentar e os impactos que a concentração num número muito reduzido de atores tem, quer para a relação com produtores/as quer para o controlo sobre a qualidade e proveniência da alimentação que consumimos. Falámos sobre o que existe também em termos de alternativas e do nosso papel enquanto cidadã/os na construção e reforço dessas alternativas.

Estudantes da Escola Secundária José Gomes Ferreira visitam a Escola Secundaria Lindley Cintra

5 abril 2019. O CIDAC e a Fundação Gonçalo da Silveira organizaram uma visita de um grupo de três alunas da Escola Secundária José Gomes Ferreira, do Agrupamento de Escolas de Benfica para a Escola Secundaria Lindley Cintra, no Lumiar. Estas duas escolas estão evolvidas no projeto Escola Ecossistema, cofinanciado pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, que visa promover uma apropriação cidadã do espaço escolar por grupos de alunos e alunas que nele estudam.

Foi no dia da festa da Escola Lindley Cintra que as três alunas tiveram a oportunidade de fazer uma visita guiadas pelos colegas, que permitiu descobrir os lugares e espaços julgados mais relevantes pelos próprios/as alunos e alunas. Para guardar um registo deste primeiro encontro entre os dois grupos envolvidos no nosso projeto, os alunos e alunas levaram com eles um gravador ao qual confiaram as suas impressões, reações e conversas.

Um ponto de particular interesse foi a visita da estufa e da horta que integram o espaço da escola. Com efeito, o grupo de Benfica decidiu trabalhar mais especificamente as questões relativas a alimentação, com enfoque para a restauração escolar, e a ligação entre produção hortícola na escola e o seu possível consumo pelos alunos e alunas foi um dos elementos que investigaram. Nasceu a ideia de organizar um encontro temático entre os dois grupos a volta do tema da hortas escolares, provavelmente para o próximo ano letivo.
 Estratégia de advocacy

25 março 2019. Desde fevereiro temos vindo a participar no grupo de trabalho que está a elaborar a futura Estratégia de Advocacy da Plataforma Portuguesa das ONGD (PPONGD).
Dando corpo a uma preocupação que tem vindo a ganhar mais expressão dentro da Plataforma, a atual direção propôs a criação de um grupo ad hoc constituído por 9 pessoas, em representação dos diferentes grupos de trabalho existentes, do secretariado e da própria direção, ao qual atribuiu a tarefa de construir uma proposta orientadora para o trabalho de influência política a desenvolver pela PPONGD nos próximos 5 anos.
No passado dia 25 de março, durante a Assembleia Geral, o grupo apresentou às organizações membro da Plataforma o primeiro esboço do que virá a ser esta Estratégia, com os grandes objetivos já definidos, bem como algum detalhe do que podem ser as primeiras atividades a desenvolver num primeiro ano de trabalho.
Esta apresentação criou um espaço de debate com as associadas presentes sobre o contexto político, nacional e europeu, no qual hão-de inserir-se as atividades agora propostas, bem como uma reflexão sobre o contexto interno da própria PPONGD, nomeadamente sobre a necessidade de interligação entre as diferentes linhas de trabalho da Plataforma, de forma a melhor tirar partido dos recursos existentes.
Sabendo que o documento final só estará em condições de ser votado em AG no final deste ano, as associadas validaram a intenção de começar já no segundo semestre um conjunto de atividades relativas à recolha e sistematização de informação.
 
8 março - Greve Feminista Internacional

Março 2019. O CIDAC aderiu ao Manifesto lançado pela Rede 8 de Março, “Vivas, Livres e Unidas", e participou na concentração e marcha, em Lisboa. Um grupo assinalável de pessoas de todas as idades, fez-se presente e fez ouvir a sua voz numa caminhada que partiu do Terreiro do Paço até ao Rossio, passando pela Praça do Município e Rua do Ouro. A luta contra a violência de género, o femicídio e o patriarcado sistémico, e a reivindicação da liberdade do corpo, da justiça e equidade em todos os domínios da vida, a solidariedade internacional – não deixando esquecer, por exemplo, o assassinato de Marielle Franco - foram algumas das questões levantadas em cartazes, performances e no microfone aberto.
Oficinas de Comércio Justo em escolas secundárias do Seixal

Janeiro-fevereiro 2019. No quadro das oficinas “Paz e Cidadania Global – Povos, Culturas e Pontes”, promovidas pela Câmara Municipal do Seixal em cinco escolas do município e em colaboração com cinco organizações da sociedade civil, o CIDAC realizou 22 sessões com estudantes do 7.º ano de escolaridade, na Escola Secundária de Amora e na Escola Secundária Alfredo dos Reis Silveira. As sessões visaram suscitar o interesse e a compreensão, por parte dos e das alunas, das problemáticas do comércio internacional, do comércio justo, da soberania alimentar e agricultura familiar. Para além das sessões em sala de aula em janeiro e fevereiro, realizaram-se, no início do ano letivo, duas sessões com os e as docentes da disciplina/ área de Cidadania e Desenvolvimento.
 
XVI Encontro Trabalho Rede ECG

26-27 janeiro 2019. Como já vem sendo tradição, o primeiro encontro anual da Rede de ECG prolonga-se por dois dias e centra-se na reflexão sobre o funcionamento da Rede. Este ano não foi exceção. As dinâmicas presentes e futuras da Rede foram amplamente discutidas, com o objetivo também de acolher e inserir os novos membros da mesma. Dado o contexto atual nas escolas, o tema específico escolhido para este encontro foi a Educação para a Cidadania Global (ECG) e a Flexibilidade Curricular. Foram apresentados alguns modelos que ajudam a desconstruir as visões e as práticas de ECG, numa perspetiva crítica, aplicando-os a casos concretos partilhados pelos/as participantes. Foi um encontro animado, com forte presença de professores/as e educadores/as do arquipélago da Madeira.
 
XIV Encontro Nacional de Educação para a Cidadania Global
12 outubro
 
Outubro. Teve lugar o XIV Encontro Nacional de ECG, organizado pela Rede ECG e cujo tema foi “Participação, Cidadania e Escola. Jovens e Adult@s em Reflexão”. O evento contou com a participação de 157 pessoas, e pela primeira vez, participaram também jovens estudantes, num total de 16. As atividades do dia dividiram-se entre grupos de discussão sobre participação na escola; e 7 oficinas de partilha de experiências concretas, dinamizadas pelo projeto Comparte, Escola da Floresta, Escolas UBUNTU, Greve Climática, Movimento da Escola Moderna, Rede de Escolas Democracia Participativa e Rede Inducar. Ao longo do dia, houve também bancas de materiais pedagógicos de várias organizações e projetos; uma banca com produtos do comércio justo e uma exposição relativa ao enquadramento legal sobre participação democrática nas escolas. O relatório, fotos e materiais do Encontro serão disponibilizados brevemente no site da Rede.

Natal justo com os presépios do Peru
 

Outubro. Mais uma vez, este ano, a Loja de Comércio Justo do CIDAC propõe uma vasta gama de presépios do Comércio Justo, feitos por duas organizações de artesã/os peruanas/os, a Central Interregional de Artesanos del Peru – CIAP, e a Manos Amigas. Mas este ano, há também novidades…

Por duas vezes, em 2016 e 2017, o CIDAC visitou uma cooperativa de artesã/os ceramistas situada em Lurin, na periferia de Lima, a Ichimai Wari. Originários da região de Ayacucho, no Sul do Peru, os membros da cooperativa tiveram que fugir para Lima nos anos oitenta, para escapar à violência provocada pelas tropas governamentais e pelo Sendero Luminoso. Descendentes da civilização Wari, último império pré-inca, mantiveram viva a arte da cerâmica própria desta cultura.

Por duas vezes também, recebemos em Lisboa Emílio Fernandez, membro fundador da Ichimay Wari e, na altura, presidente da CIAP. Foi nestas estadias que começamos a dialogar sobre a possibilidade de importar diretamente produtos desta cooperativa, reduzindo assim ao mínimo a intermediação comercial e permitindo contribuir para compensar uma baixa importante das suas encomendas no circuito do Comércio Justo.

Tendo conseguido concretizar esta iniciativa, neste Natal, teremos à venda na nossa loja os primeiros presépios importados diretamente do Peru pelo CIDAC.

Com os supermercados a assumirem um papel cada vez maior na comercialização de produtos alimentares do Comércio Justo, as lojas associativas e cooperativas estão a desaparecer gradualmente a nível europeu. Ora, são precisamente estas lojas, em risco de extinção, que comercializam o artesanato do Comércio Justo.

Oficina de formação para docentes “Viver e mudar a escola em conjunto”

Setembro. Com o tema “Viver e mudar a escola em conjunto”, teve em início a 6 de setembro um percurso formativo para professores e professoras dos Agrupamentos de Escola Lindley Cintra e de Benfica. Agrupamentos com os quais o CIDAC e a FGS vêm desenvolvendo, desde o ano lectivo 2018/2019, uma proposta de trabalho com a comunidade escolar sobre temas de ECG em espaços não-letivos.
Foram 17 os e as docentes que aderiram à oficina de formação que se irá prolongar até janeiro de 2020, na sua vertente formal. A oficina insere-se na proposta de trabalho que pretende juntar os diferentes atores da comunidade escolar na identificação de questões que gostariam de mudar nas suas escolas, investigá-las e pensar em formas de agir sobre elas.
O grupo, ao longo das quatro sessões já transcorridas, é muito animado, houve grande troca de experiências e olhares entre os dois agrupamentos e demonstra muito alento em continuar este processo.

Dia Mundial do Decrescimento

1 junho 2019. Decrescer? O que é isso? Decrescer para quê? A crítica e procura de alternativas ao sistema económico hegemónico, geralmente plasmado em expressões como "crescimento", "desenvolvimento", têm passado por propostas mais ou menos concretas como a sustentabilidade, o buen vivir, o decrescimento, entre outras. Decrescer implica consumir e produzir menos: consumir menos recursos naturais (minérios, água, etc.), diminuir as atividades produtivas e transformadoras (produção de energia, produção de bens de consumo), produzir menos lixo e, sobretudo, na nossa perspectiva, menos injustiça e desigualdade nas atividades produtivas. O CIDAC tem procurado trazer o debate e a concretização de algumas destas "alternativas", como o comércio justo. No dia 1 junho, juntámo-nos a um conjunto de iniciativas que, um pouco por todo o mundo, demonstraram que há soluções concretas. Tivemos um pequeno mercado de trocas, em conjunto com a plataforma Alinhavo; uma conversa sobre o acampamento Camp-in-Gás, em conjunto com a Climáximo e uma oficina de sacos reutilizados a partir de t-shirts velhas. Foi um dia cheio de boa energia, que não teria sido possível sem alguns/mas dos/as voluntários/as do CIDAC e que nos deixou com vontade de continuar a dar estes pequenos passos! Para mais, informações ver aqui.
 
Feira de projetos educativos no Seixal
 
17 maio 2019. No dia 17 de Maio, o CIDAC participou no evento de encerramento do projeto 'Povos, Pontes e Culturas' da Câmara Municipal do Seixal, através do qual intervimos em duas escolas ao longo do primeiro trimestre do ano, com o tema do Comércio Justo e da Soberania Alimentar. Foi debaixo de uma tenda erguida na frente ribeirinha da Amora que o CIDAC montou uma banca de Comércio Justo, dinamizada com o apoio de quatro alunos e alunas das Escolas Secundárias da Amora e Alfredo Reis da Silveira. No mesmo espaço, uma centena de jovens assistiram a uma mesa redonda durante a qual alunos, alunas e professoras partilharam a sua experiência de trabalho com as várias organizações que intervieram nas suas turmas. Momentos artísticos, bibliotecas humanas foram outras atividades que marcaram este momento festivo. Todos os intervenientes foram unânimes sobre a necessidade de continuar e aprofundar este trabalho de Educação para a Cidadania Global no próximo ano letivo.
40.ª Mesa Redonda do GENE

4-6 abril 2019. Realizou-se em Berlim a 40ª Mesa Redonda do GENE – Global Education Network Europe, na qual o CIDAC participou. No arranque dos trabalhos, e na presença de 52 representantes de 20 países, Liam Wegimont (presidente do Conselho Diretivo) propôs uma visualização do percurso da organização através de uma linha do tempo que acompanhámos desde a sua fundação, em 2001 com 6 países membro, até à atualidade já com 25 países membro. Simultaneamente, pudemos observar a construção lenta da atual diversidade de atores presentes, partindo em 2001 de uma composição muito mais homogénea que incluía ministérios de negócios estrangeiros e agências de cooperação e que, gradualmente, foi incorporando ministérios da educação e outros organismos públicos ligados à Educação Global. O CIDAC é membro do GENE deste a segunda Mesa Redonda, realizada em 2002, e integra a representação portuguesa da qual fazem também parte o Camões, IP e o Ministério da Educação.

Os três dias de trabalho tiveram momentos de partilha de informação, momentos formativos e espaços de celebração do percurso feito. Sempre em torno da Educação Global (EG), abordaram-se assuntos mais macro, como os diferentes contextos políticos dos diferentes países membro ou os documentos de Estratégia Nacional – atuais e em construção, até assuntos mais operacionais, como a existência de condições de cooperação entre diferentes atores nacionais, o financiamento ou a integração curricular da EG e a avaliação e formação de educadores.

Novos produtos na nossa loja!

Abril 2019. Bolachas de alecrim; de sementes; aveia, nozes e passas; e gengibre e mel. São os Sabores de sul, confecionados, de forma caseira, pela D. Lúcia Fernandes, da aldeia Aveloso do Sul. Continuamos a procurar apoiar pequenos e pequenas produtoras nacionais na manutenção da sua atividade e na ligação aos territórios onde vivem. Lúcia Fernandes faz bolachas, licores, compotas, entre outros produtos, com fruta e ovos dos quintais dos/das habitantes da aldeia e de aldeias vizinhas. Apanha e seca algumas ervas aromáticas que utiliza também na confeção destes produtos. Esta atividade foi importante para a D. Lúcia que, aos 50 anos ficou desempregada e com poucas hipóteses de encontrar emprego na sua aldeia. A confeção é artesanal e em pequena quantidade. Uma curiosidade: utiliza o mel da Serra do S. Macário que vendemos na nossa loja. Foi, aliás, o apicultor Paulo Vinagre quem fez a ponte entre o CIDAC e a D. Lúcia. Vamos, passo a passo, construindo pequenas redes e ligações no sentido da soberania alimentar e da construção de cadeias de produção e comercialização mais justas. Venha provar as novas bolachas, antes que esgotem!
Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento (ENED) - Intercâmbio com a Eslováquia

20-22 março 2019. O CIDAC integra a Comissão de Acompanhamento da ENED desde 2010, juntamente com o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, a Direção-Geral da Educação e a Plataforma Portuguesa das ONGD. É neste quadro e, em co-organização com o GENE, que, entre 20 e 22 de março, se realizou uma visita de estudo de uma delegação Eslovaca a Portugal, com o objetivo de trocar experiências sobre o quadro estratégico e as práticas de Educação para o Desenvolvimento a nível nacional.
Composta por representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros, do Ministério da Educação, Ciência, Investigação e Desporto, da Agência Eslovaca para o Desenvolvimento e a Cooperação Internacional, do Instituto de Políticas Educativas, do Instituto Eslovaco da Juventude, da Plataforma Eslovaca das ONGD e do Conselho Eslovaco da Juventude, a visita de estudo conjugou sessões de troca de experiências com todos os membros da Comissão de Acompanhamento da ENED e encontros bilaterais entre instituições pares, sempre com o foco da Educação para o Desenvolvimento.
Além da sua participação nas apresentações e nos debates, o CIDAC acolheu o almoço de boas vindas na sua sede, preparado pelos membros do restaurante Mezze, uma iniciativa da associação Pão a Pão, criada para facilitar a integração de refugiados/as sírios/as.
A escola, ser vivo dentro de um ecossistema: da alimentação à utilização dos recursos naturais

No início do ano letivo 2018/19, no quadro do trabalho que realizamos em meio escolar, começámos juntamente com a Fundação Gonçalo da Silveira um percurso que irá durar, pelo menos, três anos, com a Escola Secundária do Lumiar e a Escola Secundária José Gomes Ferreira. Após sessões de divulgação com estudantes e docentes, temos realizado encontros quinzenais com estudantes da Escola Secundária José Gomes Ferreira, para identificarmos em conjunto problemas e temas relevantes para eles e elas, e sobre os quais gostariam de investigar e intervir na sua escola. A FGS tem promovido sessões na Escola Secundária do Lumiar que visam identificar, com estudantes e docentes, os espaços da escola e a relação que cada um/a tem com eles. A ideia subjacente a esta iniciativa das duas organizações é reunir estudantes, docentes e restante comunidade escolar, na identificação de problemas ligados aos espaços não-letivos das escolas e delinear caminhos de intervenção conjunta sobre os mesmos.
 
Referencial ED nas Instituições de Ensino Superior

17 janeiro 2019. Ao longo de 2018, foram realizadas várias sessões em instituições de ensino superior (IES) sobre formação inicial de professores/as e educadores/as em Educação para o Desenvolvimento (ED) com base no Referencial de ED, um trabalho conjunto do CIDAC e da Fundação Gonçalo da Silveira. A 17 de janeiro, promovemos um encontro que contou com a presença de 32 participantes, na sua maioria de IES de todo o país. Para além do objetivo de promover o interconhecimento entre estas instituições, visou-se igualmente possibilitar a partilha de experiências de formação de educadores/as e professores/as ligadas ao Referencial e problematizar a própria formação no que tange à ED-ECG. Nesse sentido, foram partilhadas e discutidas quatro experiências concretas e foram realizados grupos de discussão sobre questões recorrentes na ED: o que é que é mais relevante: os conteúdos ou as metodologias; a relação entre formação inicial e formação contínua; e a ED enquanto formação pessoal e/ou formação pessoal. O relatório do encontro está disponível aqui.