Agosto. Em outubro deste ano daremos início a dois percursos de Educação para o Desenvolvimento. Um, mais do que um início representa a continuidade da intervenção em meio escolar, em particular, na Escola Secundária da Amora, no Seixal, com a qual temos vindo a construir um sólido trabalho colaborativo. Queremos continuar a aprofundar, juntamente com a equipa de docentes, a dimensão do Desenvolvimento da área curricular “Cidadania e Desenvolvimento” – dimensão essa que percebemos como sendo uma das mais complexas e menos abordadas no seu âmbito – em vários contextos: diretamente com estudantes, em sala de aula; na formação de professores/as; e em contexto não-letivo, através de um amplo leque de atividades, a pensar com a comunidade escolar. No primeiro ano deste novo percurso, a sua intervenção irá interligar-se com o tema que a Escola elegeu para o ano letivo 2023/24: “50 anos do 25 de abril”. Procuraremos que a intervenção prática seja regularmente acompanhada por uma dimensão de reflexão, sistematização e partilha com e para a comunidade educativa.
O segundo percurso representa um retomar da parceria com a organização Graal – com quem trabalhámos no âmbito dos Bancos do Tempo – mas também um novo desafio! Durante dois anos, propomo-nos trabalhar com grupos de jovens de localidades de Santarém e Portalegre, na interseção entre a igualdade entre mulheres e homens e as “outras economias”. O Graal dinamiza, há vários anos, grupos de jovens nestas regiões, procurando envolvê-los/as na discussão, desconstrução e ação relativamente às problemáticas ligadas à igualdade entre mulheres e homens, violência nas relações afetivas, entre outros.
As duas intervenções situam-se na visão da ED enquanto processo que estimula o pensamento crítico, a capacidade de analisar a realidade a partir das vivências individuais e coletivas e a ação; e buscam descentralizar a nossa ação para fora de Lisboa.
Ao longo dos próximos dois anos, iremos dando notícias destes percursos que muito nos entusiasmam!
Oficina da Interculturalidade Viagem Cultural
Amora, 22 de maio. A Escola Secundária de Amora organizou, pelo terceiro ano, a celebração do Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, proclamado pela Assembleia Geral da ONU, em 2003. O evento, realizado no quadro da área curricular de Cidadania e Desenvolvimento, valorizou a diversidade cultural representada no seio da ESA através de 9 pavilhões representando 18 países. Este ano, aos 9 pavilhões juntou-se mais 1, o do Comércio Justo, animado por um grupo de alunas e alunos do 12.º com quem o CIDAC colabora desde janeiro. O grupo de jovens vendeu, ao longo do dia, produtos alimentares e de artesanato representativos, também eles, da diversidade e riqueza cultural de muitas comunidades do mundo. Aproveitaram para falar com cada visitante do stand sobre justiça social e económica e explicar a pertinência do Comércio Justo às/aos suas/seus colegas, professores/as e pessoal não-docente. Não hesite em ler mais no blogue de Cidadania e Desenvolvimento da ESA!
Dia Internacional da Mulher na Escola Secundária José Gomes Ferreira
8 de março. As e os jovens embaixadoras/es do Comércio Justo da Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Benfica, decidiram realizar um momento de sensibilização para outros/as colegas sobre a desigualdade entre homens e mulheres no mundo para marcar a data. O grupo apresentou e discutiu dados sobre as várias dimensões em que essa desigualdade se expressa, desde a desigualdade salarial às diferenças na natureza do trabalho realizado por homens e mulheres. O CIDAC, a pedido do grupo, fez uma pequena intervenção focada nas formas com que o movimento internacional de justiça comercial procura inverter essas desigualdades estruturais. Houve ainda tempo para um quiz preparado pelos/as jovens, que animou a plateia de cerca de 70 estudantes, de diferentes turmas.
A Educação para o Desenvolvimento nas práticas escolares - problematizando e propondo caminhos para a Formação e a Escola
Janeiro. Ao cabo de dois anos de percurso conjunto com estudantes, professores/as, encarregados/as de educação, auxiliares educativos, OSC, investigadoras, edilidades e entidades formativas procurando, a partir do Referencial de Educação para o Desenvolvimento, os aspetos potenciadores e bloqueadores da prática de ED em contexto escolar, publicamos o documento que condensa os principais elementos desta iniciativa. Poderá descarregá-lo aqui.
28 de janeiro. Depois de São Pedro do Sul, continuando a nossa deambulação pelo país para divulgar o Comércio Justo, tecer laços com outras organizações de Economia Solidária e conhecer melhor produtores e produtoras com quem colaboramos, estivemos em Montemor-o-Novo para uma conversa matinal com os membros da Cooperativa Minga e representantes da Câmara Municipal que dinamizam a SMEA - Semear em Montemor-o-Novo uma Estratégia Alimentar, no mercado municipal. Aproveitámos a ocasião para instalar a nossa exposição “O comércio pode ser justo!” e oferecer o café da Nicarágua da Espanica às pessoas que frequentam o mercado.
De tarde, fomos visitar a Quinta do Estanque, onde o Jerónimo e a sua família produzem o azeite Simbio a partir de oliveiras centenárias, azeite biológico que comercializamos na loja de Comércio Justo desde 2014. Foi uma ocasião para descobrir as várias facetas da quinta que, para além do azeite, produz legumes, leguminosas, ervas aromáticas, infusões e muito mais, associados à criação animal, uma policultura saudável e própria da agricultura camponesa.
Visita CooLabora, entre lojas...
20 de julho. Recebemos a visita da equipa da CooLabora, uma Associação de Desenvolvimento Local da Covilhã que também trilha os caminhos da Economia Solidária. Motivo desta visita, falar de lojas! A Coolabora dinamiza uma loja de produtos locais, em estreita colaboração com produtoras e produtores, e propôs ao CIDAC uma conversa sobre modelos de gestão, de animação, de funcionamento das nossas respetivas iniciativas de comercialização solidária, desde os princípios de fundo até ao tipo de software que usamos… Uma bela iniciativa de aprendizagem e de reforço mútuo, que terá prolongamento em outubro, com uma visita da equipa do CIDAC às instalações da CooLabora. Fomos também brindados/as com um conjunto de publicações educativas que poderá encontrar aqui e com um saco de pêssegos da Covilhã cujo sabor ficará nas memórias para muito tempo!
II Fórum Educação para o Desenvolvimento
12 de maio. Teve lugar no dia 12 de maio, entre as 9h30 e as 16h45, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o II Fórum de Educação para o Desenvolvimento (Fórum ED). O evento decorreu em formato híbrido, presencial e online. O Fórum ED é uma ação transversal no âmbito da Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento 2018-2022, promovido pela Comissão de Acompanhamento da ENED 2018-2022 – composta pelo Camões-Instituto da Cooperação e da Língua, pela Direção-Geral da Educação, pelo CIDAC - Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral e pela Plataforma das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento. O Fórum ED foi subordinado à temática "processos de aprendizagem sobre o mundo e sobre nós à luz da ED", tendo como ponto de partida a questão central: Como interrogar o mundo e interrogarmo-nos a nós próprios a partir da ED em tempo de crises e de grandes transformações? O evento pode ser visualizado na íntegra aqui.
Encontro de produtores/as no Monte do Estanque
30 de abril. Num domingo ensolarado, juntámo-nos ao mercado de produtores/as amigos/as do Monte do Estanque, em Montemor-o-Novo. Para além da venda de produtos alimentares, podemos visitar a quinta, as hortas e o olival de sequeiro. Provámos produtos, como o azeite, o vinho, as compotas, de produtores/as do Algarve até Viseu e demos a provar o bom café da Nicarágua. O almoço, que contribuiu para a economia e a sustentabilidade do Monte do Estanque, foi na sua maioria composto por produtos da quinta (leguminosas, carne, mugango, etc.). Um dia em cheio, com boa comida e boas conversas.
25 de janeiro. Foi o mote para a discussão num encontro que marcou o final de um percurso de dois anos em torno do Referencial de Educação para o Desenvolvimento (ED). Na senda de outros estudos realizados pelo CIDAC e pela FGS, procurámos perceber junto de 7 iniciativas educativas o que potencia e o que bloqueia a aplicação do Referencial na prática, bem como da ED em geral, para retroalimentar a formação inicial e contínua de professores/as neste campo educativo. No contexto escolar atual, em que existe uma área curricular denominada “Cidadania e Desenvolvimento” - que engloba a priori a ED - as preocupações, necessidades e ideias de melhoria dos atores educativos estão mais ligados a esta área do que especificamente à ED. Mas se, à diferença de outras experiências curriculares de Educação para a Cidadania esta nova área traz explicitamente uma relação entre a cidadania e o desenvolvimento, as conversas que tivemos com estas iniciativas refletem uma ausência da dimensão do “desenvolvimento” (das relações entre o local e o global; da visão e ação sistémicas) nas práticas educativas desta área.
Neste encontro, procurámos dar uma visão geral dos resultados do estudo, focando a discussão precisamente sobre a necessidade (ou não) de criar condições para que o desenvolvimento, na palavra de um dos oradores, não seja “o parente pobre da cidadania”. Foram 75 os e as participantes de escolas, organizações da sociedade civil, universidades e politécnicos, centros de formação, municípios, de vários pontos do país, que animaram o encontro. Que contou com os contributos de Alexandra Sá Costa, professora na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade do Porto e uma das autoras do estudo "Educar para a Cidadania Global", realizado em 2022; e de Mário Carneiro, professor de Filosofia e Coordenador da Estratégia de Educação para a Cidadania da Escola Secundária de Amora. Em breve, divulgaremos o documento final resultante deste estudo.